Património

Basílica de Santo Cristo de Outeiro
Edifício classificado como Monumento Nacional, é sede da Confraria com o mesmo nome. É um templo do Século XVII, cuja construção estará associada à necessidade de afirmação do país enquanto nação independente de Espanha.
Na sua origem estará um pequeno templo, votado ao abandono, até que, conforme inscrição existente na igreja de 26 de abril de 1698, se terá dado o milagre do Santo Cristo ter suado sangue: “Nesta capela suou sangue o Santo Xto a 26 de abril de 1698 e reedificou-se Ano de 1755”.
Depressa se espalhou a notícia e a primeira pedra para um Santuário foi lançada em 1698. No entanto, foi entre 1725 e 1739, com D. João V, que terá atingido o auge da construção e assume, precisamente no século XVIII, importância enquanto lugar de peregrinação.
Desconhece-se o autor do projeto, sabendo-se, no entanto, que terão al trabalhado vários mestres pedreiros de origem galega e leonesa.

Capela de São Gonçalo
A recordar tempos idos onde o pão matava a fome e em que esta chegou à aldeia trazida pela peste. Nessa época, conta o povo, foi São Gonçalo que salvou a aldeia. Na altura, diz-se, os habitantes cozeram pão para ser distribuído por todas as pessoas da aldeia. “Ainda hoje, as roscas do Charolo devem ser comidas por todos os habitantes (e, mesmo, pelos animais), já que se acredita que isso protege da profilaxia da raiva e outras doenças.”
Pelo milagre a população fez construir uma capela e organiza, desde então, uma Festa em sua honra.
É assim, pelo menos, desde o século XVIII, altura em que surgem os primeiros registos desta manifestação religiosa e popular. O dinheiro adquirido durante as festividades era entregue à Comissão Fabriqueira da Igreja, que o utilizava para proceder a obras na Igreja e capelas da freguesia.

Pelourinho
Estrutura em cantaria de granito, composta por soco quadrangular de dois degraus, onde assenta fuste oitavado, decorado com florões em toda a sua altura, e em faces alternadas, tendo dois colaretes salientes no topo, redondos. O capitel formando cruz grega, de braços iguais e com carrancas nas extremidades. Sobre dois dos braços, conservam-se ainda ferros de expressão zoomórfica.
Remate prismático, profusamente decorado, apresentando as armas de Portugal, uma figura eclesiástica com outra ajoelhada a seus pés, um cavaleiro com espada e um capacete partido; é encimado por pequeno cone, com uma semiesfera no topo.

Cruzeiro
O Cruzeiro do Outeiro encontra-se implantado no terreiro fronteiro à Basílica de Santo Cristo, devendo, no entanto, ser anterior à construção do templo. A sua fundação teve origem num milagre ocorrido em 1698, mas o grande impulso construtivo decorreu entre 1725 e 1739. Já o cruzeiro remonta, certamente, ao século XVII, testemunhando a vivência religiosa exterior, que imprimia aos espaços e caminhos uma dimensão sagrada. Com a edificação da igreja, complementava as manifestações religiosas aí celebradas.
Sobre cinco degraus, ergue-se a base do cruzeiro, de secção quadrangular, com molduras em todas as faces decoradas por rosetas. A coluna, estriada e mais larga no terço inferior e em escama de peixe nos restantes dois terços, é coroada pelo capitel coríntio que suporta uma cruz com a figura de Cristo.

Igreja da N. Senhora da Assunção
A Igreja da nossa Senhora da Assunção, classificada como Imóvel de Interesse Municipal, pelo Decreto 67 de 31-12-1997, está parcialmente delimitada por muro de xisto que arranca da sacristia e contorna a cabeceira, definindo uma pequena área correspondente ao cemitério, disposto ao longo da fachada S., e terminando na linha da fachada O., onde se encontra um portão de ferro...
Igreja de fundação medieval, cuja planta longitudinal foi adulterada pelo desaparecimento do portal axial, de que se mantêm vestígios dos degraus internos, passando a transversal, com eixo longitudinal interno, levemente distorcido pelo desvio da cabeceira." Apresenta uma planta simples, composta por nave retangular e cabeceira, com telhado de duas águas e empena encimada por cruz, como Duarte d' Armas a desenhou no século XVI. No interior, amplo arco triunfal, em curvatura levemente quebrada, permitindo uma considerável visualização da capela-mor.

Ponte Romana
Ponte de tabuleiro em cavalete assente sobre três arcos, desiguais. O tabuleiro, com uma largura de c. de 4m, está pavimentado com calçada, tendo guardas em alvenaria de xisto argamassado, sendo o remate superior com as lajes dispostas verticalmente. O arco central, quebrado, tem maior amplitude de abertura, enquanto os laterais, em arco abatido, são de menores dimensões.
Os pegões são contrafortados com talha-mar triangular. Os paramentos são em aparelho de alvenaria de xisto argamassado, sendo as aduelas dos arcos estreitas e compridas e de extradorso irregular.

Núcleo Museológico de Outeiro
A História de Outeiro, antigo concelho fronteiriço que integrou a linha de defesa e consolidação do reino, é vasta e merece ser destacada. O valioso património edificado, memória de gerações passadas, valia importante da atual e futuras gerações, permanece como testemunho duradouro, que resiste ao despovoamento desta terra, assente num passado feito de momentos devastadores e, também, de glória.
O Núcleo Museológico, instalado no pequeno espaço da antiga cadeia, servirá como espaço de reflexão, encaminhamento e descoberta de memórias, da história e identidade do povo bragançano que ao país deu, ao longo de séculos, contributos únicos, sacrificando vidas e gerações na estruturação e defesa da fronteira com o reino vizinho, deu os seus melhores talentos humanos para desenvolver outras parcelas do território continental e do Império.

Castelo de Outeiro
A Fortaleza de Outeiro, também conhecida por Castelo de Outeiro, situa-se no topo do cabeço de Outeiro à cota de 812 metros, classificada como Imóvel de Interesse Público. A sua construção será da Idade Média, com grande probabilidade, da época de D. Dinis, como atesta a planta ovalada irregular do seu perímetro amuralhado, característico das vilas novas proto urbanas de Trás-os-Montes e Alto Douro, nos séculos XIII e XIV. Tal facto é questionado pelo Abade de Baçal, que recorre a um documento, datado de 28 de agosto de 1355, no qual os moradores de Outeiro pediam ao rei "que mandasse cercar e fazer vila cercada no dito logo d'Outeyro", pretensão não atendida após ouvidos os procuradores de Bragança e Miranda do Douro. Contudo, em 1438 o castelo já existia, como comprova a Carta de D. Afonso V que doava a D. Afonso, Duque de Bragança e Conde de Barcelos, a então vila de Bragança e seu castelo, juntamente com o de Outeiro".
Os seus vestígios mostram restos de construções retilíneas, uma espessa muralha, onde foi implantado o marco geodésico, e, a norte, uma barbacã de forma ovulada e a S. um baluarte.
Os desenhos de Duarte d'Armas revelam uma torre de menagem retangular, aparentemente adossada a uma das portas, uma extensa barbacã em forma de "D", e "diversos elementos defensivos, como os hurdícios, ou balcões com matacães, e as troneiras, que protegiam as portas, inscritas nas próprias torres".9 Apesar dos poucos vestígios que restam da sua grandeza, certo é que teve um papel preponderante na história de Portugal. Ficou marcado pelo assalto de D. João I, que o devastou e, mais tarde, patrocinou a reconstrução das muralhas e até o seu alargamento. A decadência do castelo inicia-se com D. Manuel, pois, com o Foral de 1514, a população transfere-se do castelo para o vale.

