As Tradições
A intensidade religiosa não é apenas mostrada nas festas, mas também em orações, que muitas delas são rezadas a uma determinada hora do dia.
Com a religiosidade cristã, há uma grande manifestação de crenças e superstições, muitas delas referentes à saúde.
Antigamente, com a falta dos meios de que atualmente dispomos, as doenças eram tratadas de acordo com a medicina popular, na esperança de curar as maleitas que afetam o povo.
Outra das tradições desta freguesia, é a da matança do porco, que se realiza na altura mais fria do Outono ou Inverno, para que as carnes não se estraguem.
Relativamente aos jogos tradicionais, nesta freguesia eram muito praticados no passado, nomeadamente nos tempos livres, proporcionando o convívio entre os populares e criando laços entre os mesmos. Apesar de serem pouco praticados atualmente, são ainda mantidos na memória dos mais idosos alguns jogos, como o jogo do cântaro, o jogo do ferro, o jogo do pino ou chino e o jogo do vintém ou da Raiola.
Caracterização
Orago
Festas e Romarias
– Santa Cruz (3 de Maio)
– Nossa Senhora da Assunção (15 e 16 de Agosto)
– S. Gonçalo (10 de Janeiro)
– Santo Estêvão (26 de Setembro)
– S. Miguel (8 de Maio)
– Nossa Senhora do Carmo (móvel — Agosto)
– Peregrinação Diocesana do Coração de Jesus (1º Dom. de Julho)
Artesanato
Gastronomia
– Fumeiro (derivados da matança do porco)
– Botelo com cascas
– Roscas
– Vinhos maduros
Feiras
Tradições
– Grande manifestação de crenças e superstições, muitas delas referentes à saúde.
– Matança do porco.
– Jogos tradicionais: jogo do cântaro, o jogo do ferro, o jogo do pino ou chino e o jogo do vintém ou da Raiola.
Festa do Charolo / Festa de S. Gonçalo
A Festa do “Charolo” é celebrada todos os anos na aldeia de Outeiro, no concelho de Bragança, no dia 10 de janeiro ou no sábado mais próximo ao dia consagrado a S.Gonçalo, Santo em honra do qual é realizada a Festividade. Esta tradição é momento de fé e celebração do espírito comunitário, onde o pão assume papel de destaque. Celebra-se a abundância dos produtos da terra e honra-se a mãe natureza e a sua fertilidade. São festas do pão, o fruto da terra por excelência, um símbolo de fartura e de alimento nos meios rurais.
O “Charolo”, é um imponente andor enfeitado com centenas de roscas (pão doce), confecionadas, nos dias que antecedem a Festa, no forno comunitário da aldeia, pelas mulheres dos 10 mordomos de S.Gonçalo. Este gigante andor é ainda composto por 5 ramos adornados com doces, laranjas e até enchidos e no dia da Festa é benzido durante a Missa e as roscas leiloadas.
Na Festa do “Charolo”, o sagrado e profano convivem em rituais que foram passando de geração em geração e continuam a ser partilhadas, comidas e, sobretudo, dançadas.
A “Dança das Roscas” é um dos momentos altos da tradição. Homens e mulheres, juntam-se no largo da aldeia para cumprir o ritual. Homens de um lado, mulheres do outro, eles erguem uma rosca de grandes proporções nas mãos, elas abanam os braços no ar. Ao som da gaita-de-foles cada fila avança no sentido da outra, até que, numa reviravolta rápida, os rabos tocam-se e os pares assumem a posição inicial. No final, as roscas dançadas são cortadas e distribuídas pelos presentes.
Segue-se o leilão das roscas do “Charolo” e no final, a população acompanha os mordomos, em cortejo, para entregar a Festa aos responsáveis pela organização do ano seguinte.
No entanto, as celebrações não terminam aqui. Em Outeiro, em dia de São Gonçalo, come-se, bebe-se e dança-se enquanto existir uma porta aberta. Durante a noite, é organizado a tradicional “Pandorcada”. Este cortejo reúne novos e velhos e percorre as ruas da aldeia dançando as roscas que lhe são oferecidas. Como rosca dançada, é rosca partilhada, tem lugar novo momento de partilha e celebração.
A recordar tempos idos em que o pão matava a fome e em que esta chegou à aldeia trazida pela peste. Nessa época, conta o povo, foi São Gonçalo que salvou a aldeia. Na altura, diz-se, os habitantes cozeram pão para ser distribuído por todas as pessoas da aldeia. “Ainda hoje, as roscas do Charolo devem ser comidas por todos os habitantes (e, mesmo, pelos animais), já que se acredita que isso protege da profilaxia da raiva e outras doenças.”
Pelo milagre a população fez construir uma capela e organiza, desde então, uma Festa em sua honra.
É assim, pelo menos, desde o século XVIII, altura em que surgem os primeiros registos desta manifestação religiosa e popular. O dinheiro adquirido durante as festividades era entregue à Comissão Fabriqueira da Igreja, que o utilizava para proceder a obras na Igreja e capelas da freguesia.

